domingo, 12 de junho de 2011

Site oficial da ABL maltrata a língua portuguesa



Em nota oficial, a ABL (Academia Brasileira de Letras) faz dura crítica ao livro didático ‘Por uma vida melhor’, distribuído pelo MEC.
Até aqui tudo bem. A ABL tem todo o direito de marcar sua posição conservadora e mostrar seu distanciamento tanto da realidade social do povo brasileiro quanto dos parâmetros adotados pelo MEC, que datam de 1998, no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (confira AQUI). Quanto à polêmica do referido livro, clique AQUI para assistir ao vídeo com a opinião equilibrada do professor Ataliba Castilho ou AQUI para ouvir o professor José Luiz Fiorin, outro craque no assunto.

Bom, numa visita ao site (em itálico, meus prezados!) da ABL, lembrei de dois ditos populares: “casa de ferreiro, espeto de pau” e “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.
Pois no site da ABL encontrei... diríamos... “equívocos textuais” que transgridem aquilo que a própria instituição defende com tanta paixão – nem que para isto seja necessário apontar o dedo no nariz dos outros. Para começar, visite o site oficial da ABL no endereço abaixo (ou clique AQUI para ir direto ao "pecado original"):
http://www.academia.org.br
No menu Publicações > Introdução consta o seguinte texto:
"As publicações acadêmicas inciaram-se em 1923 na presidência de Afrânio Peixoto que criou a Biblioteca de Cultura Nacional".

No período acima, dois erros:
1- “iniciaram”, grafada erroneamente: “inciaram”;
2- Ausência de vírgula após o substantivo próprio “Afrânio Peixoto”. Reza a gramática normativa que a oração subordinada adjetiva explicativa deve vir separada da principal por vírgula. Assim: “(...) Afrânio Peixoto, que criou (...)”.

Mais adiante, outro trecho:

“A ABL seguiu com a criação de novas publicações e, atualmente fazem parte de seu acervo as Coleções Afrânio Peixoto, Austregésilo de Athayde e Antônio Morais Silva, além da Revista Brasileira e outras publicações tais como os Anais da ABL e os Discursos Acadêmicos.
Há disponibilidade de várias obras on-line, onde o usuário poderá fazer o download das mesmas.”

O que faz a vírgula após a conjunção aditiva ‘e’? Repare ainda o estrangeirismo representado pelos termos download e on-line – que, ainda por cima, não foram devidamente destacados (em itálico, por exemplo). Quer dizer: nós, simples mortais, podemos lançar mão do "diet"; do "light", do "mouse"; do "on-line"; do "download"... Eu mesmo usei a palavra "site" (em vez de "sítio"). Mas saiba que os manuais de gramática (que a ABL tanto preza) não são simpáticos com o que chamam de "vício", que José Saramago preferia chamar de "nova colonização". O que dizer então quando o (mau) exemplo vem da própria ABL, que na nota de repúdio ao livro do MEC diz que "O Cultivo da Língua Portuguesa é preocupação central e histórica da Academia Brasileira de Letras"?
Por fim, é importante dizer que acho tremenda deselegância e pedantismo apontar falhas nos textos alheios, principalmente quando o intuito é desmerecer a pessoa ou o a idéia. Afinal, somos todos mortais. Ou, lembrando o clichê: errar é humano. Mas dá para perdoar os doutos imortais da ABL?

ATUALIZAÇÃO EM 12 de Agosto de 2012: cerca de um ano após a publicação deste texto, o site da ABL corrigiu os erros supracitados. 


8 comentários:

Anônimo disse...

As orações subordinadas adjetivas explicativas devem ser separadas por vírgulas, as restritivas não.


"... e, atualmente fazem parte de seu acervo as Coleções Afrânio Peixoto, Austregésilo de Athayde e Antônio Morais Silva, ..." é um aposto.

Marcia Morena disse...

Não é aposto nem aqui nem na China. Seria aposto se o atualmente tivesse entre vírgulas "e, atualmente, fazem parte". Tiraram a vírgula de onde não devia e colocaram onde não devia. O Paulo Coelho deve ser o revisor da ABL!! kkkkk

Pedro Paulo disse...

Essa eleição do Merval Pereira foi a pá de cal nessa academia que já tinha Sarney, Paulo Coelho e todo esse time. Como disse o Altamiro Borges, virou uma casa elitista de direita, sem função nenhuma. Lamentável.

ebay disse...

A gramatica e muito boa pra encher o saco..

Cezar Augusto disse...

ebay, Gramática enche o saco é? Então escreva de qualquer jeito e depois venha me contar. Se não tivesse alguém pra zelar pela gramática, a língua viaria zona. Linguistas são linguistas e gramáticos são gramáticos. Tenho dito.

Anônimo disse...

"As publicações acadêmicas inciaram-se em 1923 na presidência de Afrânio Peixoto que criou a Biblioteca de Cultura Nacional".

Como não tenho qualquer apreço pela ABL, seria o primeiro a criticá-la caso tivessem escorregado nas normas de nosso idioma. Entretanto, acredito que houve um equívoco do blogue ao criticar deslizes habituais. "Inciaram-se", por exemplo, trata-se de um caso clássico de erro de digitação, o qual todos nós podemos incorrer. No caso da subordinada adjetiva, o autor cita corretamente a regra das explicativas, contudo a sentença em questão pode, também, ser uma restritiva, dispensando, assim, o uso da pontuação. Já no outro trecho, o autor queixa-se da vírgula logo após a conjunção aditiva e; recordo, contudo, que os advérbios exigem pontuação quando deslocados. A falta ali, portanto, é de outra vírgula logo após o advérbio "atualmente". Por fim, não sou tão purista assim com nosso idioma. Não creio que palavras de outras línguas tão usuais em nosso quotidiano devam ser relegadas e trocadas por equivalentes em português. Não vejo, portanto, erros assim graves no site. Foram gerados apenas pela falta de atenção de quem criou o texto.

Anônimo disse...

"... e, atualmente fazem parte de seu acervo as Coleções Afrânio Peixoto, Austregésilo de Athayde e Antônio Morais Silva, ..." é um aposto.

Não é aposto, amigo.

Anônimo disse...

E quem disse que só há doutores na ABL? O "Letras" da Academia é mero enfeite e está longe da realidade. A maioria dos "doutores" não tem nenhuma formação em Letras, a graduação predominante é Comunicação.

O mais correto seria alterar o nome seria Academia Brasileira da Comunicação e dos Políticos Corruptos.

ABL virou bagunça.