terça-feira, 17 de maio de 2011

A balela do "erro de português" em livro didático

E o auê em torno do "erro de português" em livro didático? Na condição de licenciado em letras, opino...

Para mim, não passa de sensacionalismo barato da grande mídia e idiotice de jornalista (?) que não tem a mínima idéia do que está falando... Sequer sabe diferenciar "gramática normativa" de "gramática gerativa" e daí começa o festival de abobrinhas... Então vai a velha mídia e consulta os "especialistas" de plantão bitolados na gramática normativa (Sérgio Nogueira & cia.) para "atestar" que está "errado"... Se fôssemos unicamente pela cabeça dos gramáticos inflexíveis, até hoje estaríamos usando o "Vossa Mercê", que depois virou "vossemecê", que virou "vosmecê", que virou "você"...

A língua é dinâmica; está em constante mutação e aceita qualquer tipo de variação - desde que haja eficácia no seu uso, ou seja, o seu interlocutor entenda o que você está dizendo. Foi o tal dinamismo que nos trouxe o português, que veio do latim vulgar, que veio do latim clássico...

Mas há que ter zelo no uso da língua para que não caiamos em situações ridículas que possam atiçar o "preconceito linguístico". É exatamente isto que quis dizer a autora do livro em debate.

Que fique bem claro: o livro "Por Uma Vida Melhor" não ensina os estudantes a "falar errado", mas sim aponta as diferentes situações linguísticas em que os "erros" são admissíveis - mais especificamente na linguagem oral. Em qualquer faculdade de letras decente isto é ensinado. Ou seja: é muito diferente a linguagem que você usa com amigos num botequim para falar de futebol e aquela que você usaria durante uma entrevista para conseguir um emprego...

A cadeia da estupidez começou com uma "reporcagem" do IG acusando o "erro"; então vai o portal G1, o R7, o Jornal Nacional, o boçal e o escambau para papaguear a estupidez sem que um único jornalista tenha ao menos a curiosidade de ler o capítulo do livro que trata do "erro". E quem ganha com isso? A mídia, claro, cuja audiência é fomentada pela polêmica...

Bom, sobre o assunto recomendo ao amigo leitor a leitura de dois textos: o primeiro é um artigo de Hélio Schwartsman, articulista da Folha:
http://bit.ly/m1ZL4s

No segundo link, no site de Luis Nassif, você será direcionado ao arquivo (PDF) com o capítulo da discórdia:
http://bit.ly/mDNOh2

Um comentário:

gloe´s blog disse...

Excelente a explanação! VOu tomar emprestado para um texto, com a devida referÊncia, é claro.
Abço