quinta-feira, 26 de junho de 2008

Breathe Reprise

Breathe Reprise
Composição: Waters, Gilmour, Wright
-
Home, home again
I like to be here when I can
When I come home cold and tired
It's good to warm my bones beside the fire
-
Far away across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells.

Tradução

Respire Reprise

Lar, lar novamente
Eu gosto de estar aqui quando posso
E quando volto para casa com frio e cansado
É bom aquecer os meus ossos junto à lareira

Lá ao longe, do outro lado do campo
A badalada do sino metálico
Invoca os fiéis a se ajoelharem
Para ouvirem baixinho as mágicas pregações

Análise

Não é à toa que esta canção foi estrategicamente disposta ao final da canção ‘Time’ e se chama ‘Breathe Reprise’. Pois ela nos remete exatamente à idéia da implacabilidade do tempo (como “diz” ‘Time’) e se incorpora numa espécie de continuação contraponteada de ‘Breathe’. Explicando...

Após captarmos a mensagem de ‘Time’, imaginamos que a pessoa já está ‘velha’ (espiritualmente falando) e entregue ao comodismo que já foi explicado na mesma (Time). E a “volta ao lar” sob qualquer propósito, ou seja, “quando eu posso” contrapõe-se a ‘Breathe’, quando o narrador dizia “Vá, mas não me deixe / Olhe em sua volta escolha e escolha seu próprio chão (...)”. E conclui: “E sorrisos você dará e lágrimas você chorará / E tudo que você tocar e tudo que você enxergar / É tudo que a sua vida um dia será”.

Em contraposição a isso, na Reprise de Breathe temos a imagem da pessoa voltando para casa com frio e cansada. Isto nos dá uma idéia, de certa forma, de uma derrota; da falta de um aconchego humano, ou seja, a carência afetiva (metaforicamente representado pelo ‘frio’) e a dureza da labuta (representado pelo ‘cansaço’) que o narrador bem avisou ao final de ‘Breathe’: “Somente se você entregar-se à maré / E equilibrar-se na onda mais alta / Você disputa a corrida para a sepultura precoce”.
-
E a imagem da pessoa se aquecendo defronte a lareira é o clássico cenário do suposto conforto que sugere a impassibilidade, ou, comodismo. A própria frase “aquecer os ossos” já é a senha que nos remete à idéia da morte – já que os ossos são os únicos órgãos que remanescem à passagem do tempo após a morte. E aqui estamos falando da metáfora da mesma, ou seja, da “morte espiritual” que também foi comentada anteriormente na análise de ‘Breathe’. E os últimos versos parecem reforçar isto.... De que forma?

Os últimos versos trazem uma referência à religiosidade. E os letristas, sabiamente, sobrepuseram duas imagens: o nosso personagem no comodismo defronte a lareira enquanto, do outro lado do campo, os sinos chamam as pessoas para as “pregações mágicas”. A idéia dessas “badaladas do sino” parece uma referência ao poema ‘For whom the Bell Tolls’ (“Por Quem os Sinos Dobram”), do poeta inglês John Donne (não confundir com a obra homônima de Hemingway). E o final do poema nos clareia neste aspecto:
-
“Any man's death diminishes me, because I am involved in mankind; and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee...”
-
Traduzindo:
"A morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”.

Ante esta “imagem” de Donne (brilhantemente captada por Waters), podemos deduzir que, a despeito de virem do outro lado do campo, os sinos tocam e as pessoas oram pela morte do próprio personagem diante da lareira.

4 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelas análises em geral. Muito boas. Mas só completando minha crítica, não concordo com essa de Breathe Reprise. Não sei explicar como eu leio, mas não é isso que vejo. Mas valeu!

Matheus de Castro disse...

Muito bom, mas mesmo assim não compreendi muito bem tudo que foi dito. Acho que minha interpretação de texto esta meio ruim.

Anônimo disse...

As Análises estão surpreendentes, eu não nunca imaginaria um album tão bem bolado, como esse. Essa Analíse de Breath porém está um pouco difícil de entender, ignorando o fato que eu lí apenas uma vez. Parabéns pelo seu trabalho està Perfeito.
É bom saber que existem pessoas cultas como você no Brasil, eu tenho 16 anos e portanto ainda não tenho um nível superior, mas mesmo assim consigo entender perfeitamente a mensagem de seus textos, isso mostra que eles estão muito bem desenvolvidos.

Anônimo disse...

Eu tenho uma ideia,orque voce não faz uma analise do album Ok Computer do Radiohead,faz tempo que tento achar uma tão completa como essa que voce fez e não acho,faça uma igual para esse album