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São Paulo tem tido um desempenho medíocre no Exame Nacional de Ensino Médio, o Enem. Este dado, posto assim no contexto sofrível da educação (pública e privada) no Brasil, passa despercebido. Mas não deveria. Afinal, São Paulo é, disparado, o Estado mais rico da Federação. A despeito disto, as escolas localizadas no Estado (computadas as públicas e privadas) obtiveram, na média geral, o sexto lugar no ranking nacional.
O alarme para o fraco desempenho dos alunos paulistas pode ser dado na própria lógica buscada na estatística: quanto melhor o nível socioeconômico do estudante, maior a chance de se obter um bom desempenho no âmbito nacional. Pois não seria óbvio que tal fator ajudasse os estudantes do Estado de São Paulo? Ao contrário disto, a escola estadual paulista mais bem posicionada no ranking do Enem está numa longínqua 2.596ª posição. E poderia ser pior. Pois segundo reportagem da Folha de São Paulo, o diretor da tal escola (Escola Lúcia de Castro Bueno, em Taboão da Serra) só conseguiu tal "façanha" porque vai contra as orientações da Secretaria Estadual de Educação que, segundo ele, "só atrapalha". E outra reportagem da Folha já apontava, um ano antes, que o pífio desempenho de São Paulo no ENEM 2008 conseguiu ser pior do que em 2007, quando a melhor escola estadual de SP emplacou a 913ª posição.
Outro fator preponderante está no ranking das 20 melhores escolas do Brasil: São Paulo emplacou apenas quatro escolas, sendo que a melhor delas aparece em modesto oitavo lugar. A coisa piora se formos analisar o total de escolas avaliadas em cada Estado. Só de pegar a região Sudeste, já dá para se ter uma idéia da discrepância:
Espírito Santo: 470 escolas avaliadas;
Rio de Janeiro: 2.073 escolas avaliadas;
Minas Gerais: 2.913 escolas avaliadas;
São Paulo: 5.923 escolas avaliadas.
Ora, se conduzirmos o fato para o campo da probabilidade matemática, a coisa toma uma dimensão escandalosa: em número de escolas avaliadas, São Paulo tem quase o dobro de Minas Gerais, então o segundo maior Estado a oferecer escolas para o crivo do Enem. Atente-se ainda para o fato de que o número de escolas avaliadas em São Paulo (5.923) é maior do que a soma dos outros Estados do Sudeste, ou seja, 5.456 escolas avaliadas. Veja que Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, juntos, puseram 12 escolas no ranking das 20 melhores do Brasil, contra apenas 3 de São Paulo.
E se levarmos em conta as 100 melhores escolas avaliadas no ranking, a coisa fica mais turva ainda para as instituições de ensino localizadas em São Paulo, que aparecem em terceiro lugar, com 20 escolas - em comparação com o Rio de Janeiro, com 29 escolas entre as 100 melhores, ou Minas Gerais, com 23 escolas.
Diante dos fatos aqui analisados, parece claro que alguma coisa (não) acontece na educação em São Paulo que precisa ser urgentemente revisto. Espero que tal problema não descambe, como sempre, para a peleja política que mira 2010 – fator, aliás, que tem equivocadamente tirado os holofotes das discussões dos grandes problemas nacionais, como a já tradicional má vontade política para curar nossos abismos educacionais. E para a cura do mal, não são necessárias mágicas ou grandes esforços de criatividade: basta o governante seguir o que prescreve o capítulo III da Constituição Federal.
Fontes:
UFU – Universidade Federal de Uberlândia
UOL
INEP
Folha
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