quarta-feira, 3 de maio de 2006

Os castelos que a imprensa nunca vê

Publicado originalmente em 5 fevereiro 2009 às 23:03.
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Pergunte para qualquer cidadão de Juiz de Fora razoavelmente bem informado o que significa o “Castelo do Edmar”. Pois muita gente aqui já sabe, há anos, do assunto que ora domina a mídia nacional: o novo corregedor da Câmara, o deputado federal Edmar Moreira (DEM-MG), construiu um Castelo – sim, com “C” – espetacular na cidade próxima, São João Nepomuceno. Isto sem falar dos concorridos réveillons que, lá ambientados, pipocam nas colunas sociais locais como “O” Evento.

Pessoalmente, a coisa me incomoda menos pela vocação nababesca de alguns políticos e mais pela mania da imprensa nacional de sempre chegar retardatária em assuntos afins. Isto lembra também do recente escândalo do “prefeito gatuno” que envergonhou os juiz-foranos. E não foi por falta dos “fortes rumores” populares – carros importados, avião, iate, mansões etc. – de enriquecimento ilícito que a imprensa não foi ao menos checar a informação. Que fim levou o tal do “jornalismo investigativo”?

O leitor deve conhecer, na sua região, pelo menos um caso de político que, “milagrosamente”, construiu fortuna. Já perdi as contas dos tantos casos de ostentação ou desvios de conduta de políticos que nunca mereceram a devida atenção da mídia. Da mesma forma, irrita-me a convicção de que o escândalo só será repercutido quando o agente político ascender a um cargo que a imprensa considera importante. Exemplo: Corregedoria da Câmara. Ou seja: nesta visão, o fato de o cidadão assumir o cargo de deputado federal não é relevante; assim como não deve ser grande coisa o cargo de Senador da República – a não ser que o senador assuma... vá lá... a Presidência do Senado. Só assim, ‘talvez’, vão descobrir e noticiar, bem mais tarde, que o sujeito tinha uma amante cuja pensão era paga por uma empreiteira; ou que mantinha uma fazenda para lavar dinheiro... Neste caso, a força do ‘talvez’ está sempre condicionada aos interesses – e à hipocrisia – da própria confraria conservadora que acusa.

Quero acreditar que a imprensa brasileira é séria, isenta e não faz parte desse jogo.

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